Aquele sobre Informação, Comunicação e Documento
- setembro 16, 2025
- Por Mariana Canto
- 0 Comentários
"A informação constitui-se em dados trabalhados, processados, os quais pretendem atingir determinado propósito. Já, a comunicação, trata do processo de transmissão da informação entre os agentes envolvidos (emissor e receptor da mensagem) [...] Ou seja, não há informação se essa não for comunicada adequadamente. Comunicar uma informação significa perceber que o destinatário da mensagem entendeu a mensagem com a mesma fidelidade que o emissor o fez." (ARAÚJO, 2018, p. 16).
Começamos a unidade revisitando a já conhecida Teoria Matemática da Comunicação — vista de forma introdutória em Tecnologias da Informação e Comunicação. Essa teoria, desenvolvida pelos matemáticos Claude Elwood Shannon e Warren Weaver, tinha como objetivo solucionar problemas de otimização no custo da transmissão de sinais.
Segundo os autores, a comunicação envolve três níveis de problemas:
01. TÉCNICOS: ligados ao transporte físico da mensagem;
02. SEMÂNTICOS: relacionados à atribuição de significados;
03. PRAGMÁTICOS: referentes à eficácia da comunicação.
Após as definições mais técnicas, os significados de informação e comunicação são aprofundados. A partir dos paradigmas de Capurro, apresentados por Araújo, o autor explica que:
“Para um dado (matéria-prima da informação) se tornar informação, ele precisa ter significado e, para isso, estar subordinado ao contexto específico de sua criação [...]” (ARAÚJO, 2018, p. 21).
Essa definição evidencia que dado, informação e conhecimento não são a mesma coisa, ainda que se complementem. O dado é apenas um registro bruto; a informação surge quando esse registro adquire sentido dentro de um contexto; o conhecimento, por sua vez, corresponde à capacidade de reter e elaborar a informação, transformando-a em compreensão. Embora apresente diferentes conceitos, Araújo decide aprofundar especialmente a perspectiva de Capurro.
Rafael Capurro reconhece a existência de três paradigmas da informação, são eles:
01. PARADIGMA FÍSICO: está associado à transmissão de sinais em um contexto comunicacional entre emissor e receptor. (bem ligado a TMI)
"Os sistemas formal e informal servem a fins distintos quanto à operacionalização das pesquisas. Ambos são indispensáveis à comunicabilidade da produção científica, mas são utilizados em momentos diversos e obedecem a cronologias diferenciadas."
ARAÚJO, André Vieira de Freitas. Informação, comunicação e documento. Brasília, DF: CAPES: UAB; Rio de Janeiro, RJ: Departamento de Biblioteconomia, FAAC/UFRJ, 2018.
A origem do dicionário remonta a Grécia Antiga, os gregos criaram os léxicos, catálogos de palavras para explicar termos e conceitos de língua grega, mas sem organização alfabética. Na Idade Média os copistas elaboraram glosas, ou explicações para explicar palavras do texto que consideravam difíceis, na época o Latim Clássico estava sendo substituído pelo Latim Vulgar e as glosas eram necessárias para ajudar os leitores.
A palavra "glosa" na sua origem significa "termo obscuro". No início essas anotações eram feitas nas margens ou entre as linhas do documento, mas depois passaram a ser colocadas no final do texto e organizadas em ordem alfabética.
"um ramo da bibliologia – ou ciência do livro – que consiste na pesquisa de textos impressos ou multigrafados para indicá-los, descrevê-los e classificá-los com a finalidade de estabelecer instrumentos (de busca) e organizar serviços apropriados a facilitar o trabalho intelectual." (CUNHA, CAVALCANTI, 2008, p.46).
Bora aprender mais sobre esse conteúdo?
Ambientes, serviços e sistemas informacionais é uma das disciplinas do 2º período de Biblioteconomia na UFF. Ela tem sido ministrada pelo professor Sérgio Martins e pelo tutor Dempsey Bragante. O objetivo é nos ensinar a enxergar os ambientes informacionais de forma sistematizada.
Em resumo, a disciplina mostra como diferentes tipos de usuários demandam diferentes serviços e ambientes informacionais. A partir disso, buscamos compreender como esses ambientes são organizados. Numa biblioteca, por exemplo, nada está disposto de forma aleatória — aí já entram a 2ª e a 3ª lei de Ranganathan: "cada leitor o seu livro" e "cada livro o seu leitor". Em outras palavras, a informação é pensada para chegar ao seu público, e o usuário encontra o que precisa (um bom ambiente informacional faz esse match acontecer).
Outro ponto importante é o fluxo informacional, que envolve as etapas de coletar, armazenar, processar e transferir informações, ocorrendo em diferentes níveis organizacionais: estratégico, tático e operacional. Entender esse processo é compreender como a informação percorre todo o caminho até seu destino final.
Também estudamos os diferentes tipos de bibliotecas e seus objetivos. Apesar de todas compartilharem funções em comum — como formar cidadãos, incentivar a leitura e apoiar o aprendizado ao longo da vida — cada tipo tem finalidades específicas ligadas à sua comunidade, temática ou local de atuação:
O que mais gosto nessa disciplina é a forma como os professores ampliam nosso olhar sobre a biblioteca — não apenas como um lugar de livros, mas como um espaço vivo, plural e de encontros. E também desconstruímos aquele estereótipo do bibliotecário como a pessoa que só pede silêncio.
📚 Fontes e leituras complementares:
MARTINS, Sérgio; BRAGANTE, Dempsey. Ambientes, serviços e sistemas informacionais. Notas de aula da disciplina do 2º período de Biblioteconomia. Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2025.
RANGANATHAN, Shiyali Ramamrita. As cinco leis da biblioteconomia. Brasília: Briquet de Lemos, 2009.
OLIVEIRA, Maria Clara; SOUZA, Renato. Tipologias de bibliotecas no Brasil: funções e desafios. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 17, n. 1, p. 55-70, 2021.
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE. Curso de Biblioteconomia – Grade curricular. Disponível em: https://www.uff.br. Acesso em: 9 set. 2025.